No Brasil, 86% das crianças e adolescentes possuem perfil em redes sociais. Esse é um dado da pesquisa TIC Kids Online Brasil, de 2016, desenvolvida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). O estudo ainda revelou que 42% das crianças e adolescentes já tiveram contato na internet com uma pessoa que não conheciam pessoalmente. Pensando nisso, o projeto de extensão “Prevenção ao Aliciamento de Crianças e Adolescentes”, propõe ações que contribuem para a prevenção do assédio via tecnologia, a partir de orientações quanto ao uso de sistemas de Tecnologia de Informação (TI) como ferramentas e objeto de pesquisa, desenvolvimento de um portal online e realização de eventos. Os trabalhos serão aplicados em uma escola municipal de Curitiba, como ambiente-piloto, e serão estruturados conforme o público (professores, técnicos, pais e responsáveis de estudantes).
As atividades do projeto começaram em março de 2018, com reuniões técnicas, alinhamento conceitual e busca de parcerias institucionais que colaborem com o alcance dos objetivos definidos, por meio de palestras e apoio no desenvolvimento de pesquisas, tecnologias e outras produções acadêmicas. Por se tratar de um assunto com caráter interdisciplinar, a equipe conta com docentes dos Setores de Exatas, Educação Profissional e Tecnológica, Educação e Saúde, além de dois alunos bolsistas, da graduação em Pedagogia e do curso superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Porém, outras áreas afins ao tema deverão ser agregadas. A articulação com parceiros institucionais começou em 2017, quando foram realizados contatos com representantes da Secretaria Municipal da Educação de Curitiba, do Centro Universitário UNIBRASIL e do Instituto Tecnologia & Dignidade Humana, dentre outros.
Segundo a professora do Departamento de Informática e coordenadora da equipe de extensão, Elenice Mara Matos Novak, a ideia do projeto surgiu depois de perceber a necessidade de ampliar as pesquisas científicas e atividades extensionistas sobre o tema, associando aos diferentes usos das tecnologias, diante de um aumento de casos no Brasil. “O assunto é sensível e necessário. E, por meio desse projeto, consolidamos um papel social na forma de ações que mostrem a prevenção como uma atuação necessária”.
Palestras em escolas
As primeiras ações do projeto de extensão serão dois eventos realizados ainda este ano e, a partir de 2019, o projeto promoverá palestras sobre prevenção do aliciamento de crianças e adolescentes em escolas públicas de Curitiba. Isso porque, segundo Elenice, a internet abre espaço para aliciadores, e as crianças devem estar preparadas para identificá-los. “Hoje há uma tendência das crianças se comunicarem por jogos da internet. É por aí que muitos aliciadores se aproximam”, explica Novak.
O aliciamento pode começar pela interação do agressor também através das redes sociais, uma vez que 91% das crianças e adolescentes acessam a internet pelo celular, de acordo com a TIC Kids Online Brasil. Elenice completa que, diante da configuração do problema, é importante desenvolver palestras para abrir o canal de diálogo com pais, responsáveis e comunidade escolar sobre o assunto. O objetivo é fortalecer o entendimento desse grupo sobre o monitoramento de seus filhos ou alunos na internet e esclarecer formas de observar mais atentamente os relacionamentos dos menores no espaço virtual.
Portal de informação
Além das palestras, o projeto de extensão pretende colocar no ar, até o final de 2018, um site com um acervo de conteúdos ligados ao assunto, títulos, pesquisas, dissertações, teses, cartilhas, entrevistas com profissionais e links de instituições que desenvolvem projetos, pesquisas e atuam com o tema. Esse ambiente estará disponível para o acesso da sociedade.
O portal está sendo desenvolvido pelo estudante do sexto período do curso superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Jhonny Izidoro Menarim. Ele é bolsista do projeto de extensão, e considera que o desenvolvimento do site vai trazer benefícios sociais e também colaborar com a sua formação universitária. “Antes de ingressar, eu não imaginava o quão trabalhoso é manter um projeto. Caso eu queira seguir uma carreira acadêmica, meu envolvimento nas atividades com o portal vai me ajudar bastante”.
Ainda neste ano, a equipe do projeto deve participar da Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFPR (SIEPE). Além disso, a professora Elenice Mara Matos Novak conta que a intenção é, futuramente, desenvolver um aplicativo que indique cuidados nas comunicações entre crianças e outras pessoas que não estão em seu convívio.
“Minha expectativa é que o projeto ajude a intensificar o processo de prevenção ao aliciamento. Não vamos acabar com o problema, mas trabalharemos para deixar as crianças, adolescentes, pais e professores mais atentos” conclui a professora.
Por Maria Fernanda Mileski
Projeto de extensão do Departamento de Informática promove ações para prevenir o aliciamento infantil na internet
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