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Projeto de cooperação internacional entre o Laboratório de Semioquímicos do Setor de Exatas e a Universidade de Lund pesquisa a maior praga da cana de açúcar no Brasil

(Foto: Faeg/divulgação)

 

A mariposa Diatraea saccharalis, mais conhecida como broca-da-cana, é a principal praga da cana de açúcar no Brasil e a que causa mais prejuízo para as plantações. Com a preocupação do manejo de pragas, surgiu o projeto de pesquisa do Laboratório de Semioquímicos, liderado pelo professor Paulo Zarbin, do Departamento de Química da UFPR, em parceria com o laboratório do professor Glenn Svenson, da Universidade de Lund, na Suécia. 

 

O projeto é resultado da cooperação internacional entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a The Swedish Foundation for International Cooperation in Research and Higher Education (STINT), o equivalente a CAPES da Suécia. Teve início em 2016, com vigência de quatro anos. 

 

Os líderes da pesquisa são Paulo Zarbin, do Departamento de Química do Setor de Exatas (esquerda) e Glenn Svenson, da Universidade de Lund, na Suécia (direita).

 

A mariposa Diatraea saccharalis está presente em todo o território brasileira e afeta a produtividade do canavial e também a qualidade da produção de açúcar e etanol. A praga infecta a planta quando ainda está no estágio larval. A pesquisa envolve a biologia e a química. Segundo Glenn Svenson é o casamento das duas áreas. É necessário da química para compreender os compostos e as estruturas químicas. Já na biologia, entender a parte comportamental e biológica do inseto e também conhecimentos da planta são fundamentais.  

 

A pesquisa busca identificar o feromônio sexual da mariposa Diatraea saccharalis para combater a praga, já que os feromônios possibilitam uma alternativa ao agrotóxico e ao pesticida. De acordo com Paulo Zarbin, um dos pesquisadores, com a identificação é possível atrair os insetos para uma armadilha e realizar atividades para controlar a praga, como monitoramento e coleta massal, diminuindo assim o impacto dos agrotóxicos. “A ideia é que a gente consiga identificar e trazer uma nova ferramenta como forma de controle para essa praga, que não se controla hoje em dia e causa um dano muito forte”, explica Zarbin. 

 

Feromônios são substâncias químicas que um determinado inseto da espécie emite e o outro da mesma espécie é capaz de detectar. E no caso da broca-da-cana, é um feromônio sexual que a fêmea emite no período de acasalamento. Segundo Zarbin, o objetivo é identificar quais moléculas são responsáveis por essa atração: “uma vez que a gente tenha essas moléculas, a gente sintetiza e coloca isso em liberadores imitando a fêmea. Fazendo a liberação dessas moléculas, o macho é atraído para essa armadilha”. 

 

O trabalho é díficil, já que o inseto vem se mostrando complexo. Outros grupos de pesquisa vem tentando ao longo do anos e conseguiram apenas uma molécula. O projeto já conseguiu descobrir que são cinco moléculas e do total já conhecem quatro. “Isso é um desafio e se a gente conseguir, um grande troféu, já que é uma peste muito importante no Brasil”, conta Svenson. 

 

Na Suécia, estão sendo realizadas análises para descobrir o gene responsável pela biossíntese das moléculas e tentar realizar um processo diferente para descobrir a molécula que falta, que é produzida em quantidade quase indetectável. Segundo Svenson, outra tentativa é fazer a planta transgênica, manipulando a cana para produzir o feromônio: “nós analisamos os genes do feromônio, o que eles são responsáveis de produzir e nós integramos esses genes na planta.” É uma alternativa que não usa pesticidas, já que as transgêneras viram plantas-iscas para atrair os insetos. 
Uma vez que todas as moléculas sejam conhecidas, são colocadas em liberadores para atrair os machos. Quando se consegue imitar, existe sucesso. A pesquisa ainda está em desenvolvimento, com término para o final de 2020.

 

por Carolina Calixto