A pandemia da COVID-19 reforçou a necessidade de hábitos de higienização com álcool em gel, um dos únicos produtos que elimina os microrganismos das superfícies. Com isso, a procura pelo produto cresceu e também a falsificação do álcool em gel. Desse modo, Andersson Barison e Caroline D’Oca, professores do Laboratório de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) do Departamento de Química, e a Polícia Científica do Paraná estão analisando amostras suspeitas.
A parceria é anterior a COVID-19. Os professores do Laboratório de RMN e a Polícia Científica já trabalhavam em análises químicas, que vão de ações de defesa do consumidor, como a falsificação de álcool em gel, à identificação de novas drogas de abuso. Segundo Ana Luísa Lacava Lordello, vice-diretora do Setor de Exatas e professora do Departamento de Química, a ação é para ajudar de maneira mais rápida e eficiente: “A ideia é ajudar a Polícia Científica usando uma metodologia muito mais rápida e eficiente de análise pois não precisa de nenhum pré-tratamento da amostra”.
As denúncias de falsificação do álcool chegam à Polícia Civil, que encaminha as amostras para a Polícia Científica. A análise é feita através da técnica de RMN HR-MAS de ¹H. Segundo Andersson Barison, a técnica de análises não possui nenhum custo: “A técnica de RMN HR-MAS permite realizar análises diretamente do material sob investigação, nesse caso do álcool em gel, sem necessidade de nenhum reagente ou consumível.”
Mariana Ulyssea de Quadros, perito criminal e gerente dos Laboratórios Forenses da Polícia Científica do Paraná, explica que eles analisam a porção de álcool etílico presente na amostra, que deve estar entre 68 a 72% INPM: “Se a dosagem fornecer resultado muito abaixo ou acima desse valor o produto perde a propriedade anti-séptica e não elimina os microrganismos/vírus presentes na superfície”.
Além disso, é importante saber procedência de produtos químicos usados na fabricação do álcool: “O etanol para a produção de álcool gel deve ser de alta pureza e estar isento ou com baixíssimas quantidades de impurezas, como metanol, acetaldeído, benzeno e gasolina”, esclarece Ana Luísa Lordello.
Caroline D’Oca, que está trabalhando nas análises, reforça: “Em virtude da pandemia por coronavírus, utilizar um produto que não garanta a eficácia de descontaminação pode ter consequências muito graves”. Devido a isso, quando a população for comprar álcool em gel, deve estar atenta a algumas recomendações: “É muito importante que o consumidor fique atento e compre produtos cujo rótulo da embalagem apresente informações detalhadas e suficientes acerca da composição do produto, fabricante, lote e data de validade”, orienta Mariana Ulyssea de Quadros.